Resumo A lógica de produção habitacional tem excluído os consumidores do processo decisório, atribuindo-lhes o encargo de adequar a moradia às próprias necessidades após o recebimento das chaves. Isso gera desperdício de recursos, prejuízo à segurança dos moradores e às relações de vizinhança, além de reduzir a vida útil dos edifícios. Assim, torna-se indispensável propor estratégias que minimizem a necessidade de reforma de imóveis recém-construídos. Com o objetivo de esclarecer as demandas de customização em edifícios residenciais no Brasil, investigou-se o escopo das adaptações conduzidas por moradores ao longo da ocupação de uma amostra de 62 apartamentos nas cidades de São Paulo e Santos. A partir dos dados obtidos, realizou-se uma análise de agrupamentos, na qual identificaram-se três padrões de demandas de customização: (1) alteração de acabamentos, equipamentos, leiaute e aberturas; (2) adição de equipamentos não previstos originalmente, como banheiras, e condicionadores de ar; e (3) ampliação por incorporação de áreas comuns pouco acessadas, não reclamadas por outros moradores. Como os dois últimos padrões afetam o esqueleto do edifício, requerendo obras geridas por especialistas, consideram-se abordagens técnicas e legais para viabilizá-las a partir dos conceitos da customização em massa.
Abstract The logic of housing production has excluded consumers from the decision-making process, assigning to them the responsibility for adapting the dwelling to their own needs after receiving the keys. This leads to waste of resources, it compromises dwellers’ safety and neighbourhood relations, and reduces a building’s lifespan. Thus, it is necessary to propose strategies to minimise the need for renovations of newly built apartments. To clarify the customisation demands in residential buildings in Brazil, we studied the scope of adaptations carried out by dwellers throughout the occupation span of a sample of 62 apartments in the cities of Sao Paulo and Santos. Based on the collected data, we conducted a cluster analysis, identifying three patterns of customisation demands: (1) alteration of finishing, equipment, layout, and openings; (2) addition of equipment unforeseen in the original design, such as bathtubs and air conditioners; (3) expansion through the addition of common areas with limited access, unclaimed by other dwellers. As the latter two patterns distress the building’s skeleton, needing works managed by specialists, we consider technical and legal approaches to enable them through mass customisation.